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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020




ANDRAGOGIA E HEUTAGOGIA

O termo Andragogia provém do grego andros = adulto + agogus = guiar, conduzir, educar. Foi fundado em 1833, pelo professor alemão Alexander Kapp para descrever o método de ensino utilizado por Platão com pequenos grupos de adultos: Os grandes mestres dos tempos antigos - Confúcio e Lao Tsé na China; os profetas hebreus e Jesus nos tempos bíblicos; Aristóteles, Sócrates e Platão na Grécia antiga; e Cícero, Evelídio e Quintiliano na Roma antiga foram professores de adultos, não de crianças. As experiências deles aconteceram com adultos e, portanto, eles desenvolveram um conceito muito distinto do processo ensino/aprendizagem do que aquele que acabaria por dominar a educação formal. Esses professores notáveis acreditavam que a aprendizagem era um processo de investigação mental, e não a recepção passiva de conteúdos transmitidos. Por esse critério, eles desenvolveram técnicas para envolver os discentes com a investigação.
O vocábulo "andragogia" permaneceu esquecido por quase um século, até ser utilizado, primeiro por Rosenstock em 1921, em um artigo no qual defendia que a educação dirigida a adultos exigia bases filosóficas e metodológicas distintas, e então, em 1926, por Eduard C. Linderman, em uma pesquisa intitulada The meaning of adult education [O significado da educação de adultos].
No entanto, as ideias sobre uma educação especificamente voltada aos adultos só alcançaram ampla disseminação na década de 1970. Para Knowles (1998), o aprendiz adulto se caracteriza fundamentalmente pelo auto direcionamento decorrente de uma maturidade orgânica e psicológica. Ou seja, para ser adulto, o indivíduo atingiu um estágio de maturação física (prontidão), que lhe confere a capacidade de reprodução, bem como um estágio de maturação psicológica, que lhe possibilita assumir responsabilidades pela própria vida, no âmbito social, profissional e familiar.
Krajn (1993) recomenda um período andragógico estruturado em cinco fases:

1. Identificação das necessidades educativas: O andragogo tem que identificar as verdadeiras necessidades educativas dos adultos. Estabelecem-se metas e objetivos com a finalidade de satisfazer às necessidades individuais e sociais do sujeito;
2. Planificação do programa: A eficácia da educação de adultos depende, quando a iniciação da formação, se tenha em conta a experiência prévia e o nível educativo dos alunos. O programa deve estar aberto a mudanças que poderão surgir quando se revelam novas necessidades educativas;
3. Planificação dos métodos: Devem estar adequados aos hábitos e às técnicas dos adultos;
4. Aplicação do programa: Essencialmente o trabalho em grupo, porém o estudo independente também permite aos indivíduos uma maior responsabilidade pela sua própria aprendizagem;
5. Avaliação dos resultados e rediagnóstico da aprendizagem: Tendo em conta que a educação de adultos se afirma como uma espiral de ciclos andragógicos, orientados para um objetivo educativo definitivo que, na realidade, nunca se consegue alcançar, uma vez que se centra no pleno desenvolvimento do ser humano, torna-se difícil a sua avaliação. Os métodos atuais de avaliação são insuficientes para avaliar mudanças quer na personalidade, nas atitudes e até mesmo nos valores produzidos pela educação dos indivíduos (KRAJN, 1993 apud OSORIO, 2003).
Além disso, o adulto segue acumulando cada vez mais experiências, que compõem um importante banco de recursos para o desenvolvimento da sua aprendizagem. Por essas razões, a educação de adultos demanda uma filosofia, conceitos e métodos específicos que valorizam a autonomia do aprendiz. Essa autonomia está cada vez mais estabelecida, especialmente, com a inclusão de novas tecnologias no ensino de adultos, através da Heutagogia que significa no grego “auto guiar” no ensino superior é o conceito de aprendizagem que mais cresce atualmente e que gera uma responsabilidade educacional em que o discente é o maior e pode-se dizer em muitos casos o único gestor do seu processo educacional. A grande quantidade de cursos na modalidade de Ensino A Distância (EAD) proporciona ao discente um modelo de ensino não presencial, com carga horária flexível, e conteúdo disponível por meio de plataformas criadas com ajuda da tecnologia da informação, que permite ao discente planejar como, onde e qual melhor horário para estudar.
Com as constantes e novas exigências do mercado profissional, bem como da necessidade de uma formação continuada e permanente, o Ensino à Distância (EaD) vem tornando-se uma opção oportuna ganhando seu devido espaço no campo educacional. Essa conquista foi possível por conta da vasta propagação da Internet e dos avanços tecnológicos dos últimos anos. Tais inovações tornaram possíveis às pessoas já inseridas no mercado de trabalho, retornarem aos seus estudos, ampliando seu leque de conhecimentos e possibilidades de crescimento pessoal e profissional. A EaD encontra-se em franco crescimento, sendo alvo de intensa discussão.  “Na formação dos professores, é fundamental a reflexão crítica sobre a prática de hoje e de ontem, para que se possa melhorar a prática do amanhã” (FREIRE, 2010, p. 39).
A partir das ideias do EaD e do mundo do trabalho, já se passou a ver a Andragogia de outra forma, sugerindo que este método de aprendizagem deveria ser conhecido como Heutagogia. Blaschke (2012) afirma que, a Heutagogia é de grande interesse para o EaD, pois compartilha alguns atributos chaves, como a autonomia e o auto direcionamento do discente, além de ter raízes pedagógicas no ensino e aprendizagem de adultos. A característica do EaD é a aprendizagem autodeterminada. Assim, tanto o EaD quanto a Heutagogia têm o mesmo público em comum, os discentes adultos maduros. Para Blaschke (2012, p. 59), a Heutagogia tem potencial de se tornar uma teoria do EaD, porque amplia a abordagem andragógica, ao abandonar o caminho da aprendizagem, tornando-se um processo para o discente, que negocia a aprendizagem e determina o que e como vai ser aprendido.
A Heutagogia é o progresso dos métodos educacionais anteriores, conhecida como a aprendizagem autodeterminada, na qual o discente aprende em seu tempo e não no do professor. O quadro 2 revela diferenças entre a Andragogia e Heutagogia, revelando que elas ultrapassam as aulas expositivas, centradas no docente, promovendo interação entre o discente e o professor. Existe um processo de amadurecimento, dentro do qual o individuo passa da dependência para a auto direção e depois para autodeterminação.
 Blaschke (2012, p. 61) aponta características especificas do EaD que são alinhadas com a Heutagogia como:

Tecnologia: reconhece a necessidade premente e conveniente da associação de recursos tecnológicos no processo de EAD, alinhando as para que façam parte da prática do sistema de aprendizagem não presencial. A Heutagogia seria um conceito capaz de absorver as tecnologias emergentes principalmente em ambientes virtuais, embora aponte ainda a necessária continuidade nas discussões a respeito para firmá-la como um princípio do EAD;
Perfil do discente: Na prática, o EAD está voltado à aprendizagem, tendo como público alvo o adulto, sendo idealizado de forma gradativa focando angariar adeptos cujo perfil se enquadre em um nível educacional e cultural mais elevado. O EAD tem sido moldada pela teoria de Knowles, que reconhece a Andragogia como um conjunto de métodos para ensinar adultos. A Heutagogia pode ser considerada, neste contexto, como aplicável também aos adultos, em ambientes de aprendizagens não presenciais;
Autonomia do Discente: A prática Heutagogica requer certo grau de autonomia no processo de aprendizagem por parte do discente, premissa que se encontra arraigada no próprio sentido da Heutagogia.
Com base nestes modelos podem-se considerar os seguintes métodos utilizados no EAD: Chat, Correio Eletrônico, Fórum, Jogos Educativos ou de Simulações de Negócios, Sites para Consultas, Material impresso, Áudio ou Vídeo Aulas, Teleconferência/Webcast, Conteúdo de Autoaprendizagem, Prova de Avaliação Presencial, Trabalho Individuais ou Grupo e Monografia (MAIA; MEIRELLES, 2007). Outras estratégias de ensino usadas em aulas presenciais podem ser adaptadas para o EAD, tais como Método do Caso ou Mini Caso, Ensino com Pesquisa, Mapa Conceitual e Resumo.
Entende-se com esta análise comparativa que a mudança ela necessita acontecer, tanto no ensino como nas ferramentas da tecnologia, e muito mais a adaptação do professor com um aprendizado contínuo afim de adaptar-se a expectativa do adulto com as constantes mudanças do mercado docente e profissional. Abraço. Edgar de Moura. (Obs.: Texto  extraído da minha monografia de especialização em Gestão Estratégica de Negócio realizado em 2017/2018 na FAFIRE/Recife com o título Ensino A Distância, Treinamento e Aperfeiçoamento de Pessoal: A Andragogia e a Heutagogia no ambiente corporativo).